No fundo do poço, no fundo do mar, afogado em águas salgadas que não são marítimas.
Lucio vagava dias e noites a fio, por lugares soturnos e folhas secas no seu jardim.
Se perguntava, hora ou outra, quando a mente lúcida o permitia, como tinha se tornado isso, e onde estaria agora.
Nenhum som além do zumbido da noite e do corpo despencando lentamente do precipício.
Desenfreado, rolou a ladeira e sentiu seu corpo ferver como se fosse uma lareira, daquelas que os ricos tem em suas salas apenas como adorno, e daquelas que os mendigos fazem nas latas de lixo para não morrer na calada da impiedosa noite.
Era a primeira sensação desde aquele adeus, era a primeira sensação ilusória a partir do dia em que a terra estremeceu e parou de girar.
Sua orbita, sua galáxia, seus planetas se desalinharam e em algum ponto muito tempo atrás colidiram com o dela.
Hoje Lucio era só uma estrela que lentamente se apagava e logo explodiria se espalhando em milhares de pedaços até se tornar apenas poeira cósmica.
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