segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ele era como o inverno

Ele era como o inverno... Não encontrava nada que o definisse melhor.
Bem no fundo do olhar, aparentemente frio, via-se uma solidão perturbadora e um doce pedido de carinho, entretanto com os lábios, sempre entreabertos (como se estivesse sempre em um universo paralelo, em um estado muito alto de relaxamento) repelia qualquer tipo de afeição.
Doloroso era olhar para ele, ainda sim, ela o olhava com infinita doçura, mostrando-lhe amiga, protetora. De fato, o amava, e o amar era algo verdadeiramente difícil, mesmo assim o fazia.
Era frio, sempre calculista e observador, não esboçava reação ou simpatia por quase nada. Mesmo assim, como os invernos mais impiedosos pedia, gritava, por calor humano. No silêncio torturante que o envolvia. Era como uma canção triste, vinda de um piano em meio a uma sala mergulhada a escuridão, sua melancolia era no fundo confortável para ela, porque não dizer, segura.
Havia certa beleza naquela solidão, inexistente.
Por mais que nada fosse dito, o simples fato de ele estar ali queria dizer que se importava, e isso parecia bastar.

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