Ela era uma boa menina. Não daquelas que frequentam a igreja aos domingos. Nem mesmo daquelas que preparam o almoço e limpam a casa. Ela era uma ateísta de nobre coração mas sem grandes talentos culinários e o seu tempo passava rápido demais para se preocupar em lavar a louça.
Gostava de olhar a coisas bonitas da vida, até que um dia tudo pareceu se apagar.
Estava cega, mas podia sentir e o que sentia era melhor não....
O mundo lhe virou as costas, as estradas se unificaram em um único caminho a seguir.
Não era errado e certo nunca se encaixou ali.
Era o que tinha, o que sobrara, o que poderia ser, o que deveria ser.
Deveria?
Também já não tinha tempo para pensar, ou simplesmente não conseguia. O álcool na estante e os cigarros na gaveta pareciam ser a única solução enquanto ela decidia se seguiria por aquele único caminho ou esperaria uma bifurcação.
Era sempre assim que ela resolvia tudo, com cigarros e conhaque. Na verdade nunca resolvia nada, apenas se suicidava aos poucos para não sentir tanta culpa no final de tudo.
As vezes era café misturado com lágrimas. Tristeza de blues.
Rascunhos na ultima folha do caderno que praticamente contavam sobre sua vida, ou sua falta de.
Letras de música para ninguém cantar, letras de música em folhas cortadas de papel, onde a melodia eram os soluços que ela dava.
Desculpem, acho que estou perdendo o foco, é que com os olhos marejados é difícil enxergar.
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