terça-feira, 17 de julho de 2012
Amar
Que pode uma criatura,
entre criaturas, amar ?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar ?
sempre, e até de olhos vidrados, amar ?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar ?
amar o que a mar traz a praia
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia ?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonhos, e uma ave de rapina.
Entre o nosso destino: amor sem conta
destribuido entre as coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada e uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implicita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
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