"Bom dia" eu lhe disse com voz rouca, de tanto gritar na noite passada, de tanto chorar sem ninguém ouvir, de tanto chamar seu nome...
"Bom dia" me respondeu sorrindo. Alguns segundos depois olhou para as minhas mãos sangrando e me perguntou o motivo dos machucados.
Demorei alguns minutos para responder, não podia simplesmente dizer que aquilo era de tanto socar as paredes, de tanto esmurrar o chão.
Disse que tinha trabalhado na marcenaria com meu pai no dia anterior.
Você não pareceu acreditar na minha versão para o filme de terror que eu passara na noite passada, mas também não quis discutir, não quis insistir.
Fiquei aliviado, e ao mesmo tempo uma pesada dor começou a latejar...
Não era nas mãos estouradas.
Era uma dor, que fazia meus olhos quererem fechar para sempre.
Uma dor que parecia já indo cavar minha cova.
Pisquei pesado, e senti que lágrimas escorreram pelo meu rosto, que caíram no meu peito, e então mancharam sua blusa nova de cetim.
Eu estava exausto, eu estava precisando de apoio, de carinho, mas só você conseguiria estancar o sangue ou faze-lo brotar ainda mais.
Minha vida não andava boa, tudo vinha dando errado, e eu estava me esforçando para manter-me vivo.
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