sábado, 10 de novembro de 2012

Chega a doer

Que irritante era aquela situação, como se já não lhe basta-se a briga que era travada dentro dela entre seu coração e sua razão, uma pesada chuva desabou.
Chuva... Ingrata chuva.
Sempre nos momentos de extrema sensibilidade ela resolve aparecer.
Dentro daquele auto, tão sozinha, olhava pela janela e via milhares de histórias circulando de um lado para o outro. Milhares de vidas se escondendo da tempestade não anunciada. Começou então a se perguntar mentalmente, onde estaria ele naquele momento.
Embora fosse simplesmente inútil, e não fizesse o menor sentido, ela o procurava em cada rosto, em cada esquina.
Uma canção, mais melancólica do que o a chuva que gotejava no vidro embaçado, pintando ali milhares de emoções, começou a tocar. "Quem colocara essa maldita canção ? " - protestou mentalmente. Não houve resposta. De qualquer forma era inútil trocar a estação do rádio, ou o disco, a batida lenta e a letra triste já haviam tomado conta dela.
Olhou para o céu, como ultimo recurso. Nuvens pesadas anunciavam que ainda mais chuva estaria por vir. Apertou os olhos e desejou que o tempo passasse rápido demais, a ponto, dela não conseguir sentir o gosto azedo da saudade e solidão. Então dois rastros negros riscaram sua pele rosada. Era a resposta.
Olhou novamente para o céu.
A chuva passaria, logo chegaria o arco-iris. Mas ele... Ah, ele nunca iria chegar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário