sábado, 2 de fevereiro de 2013
Pouco me importa
Pouco me importa que os prédios peguem fogo. Pouco me importa que o mundo acabe em fogo. Pouco me importa que o seu time seja rebaixado. Pouco me importa que a Dona Maria largou do Seu José. Pouco me importa os motivos, os meios, as estradas esburacadas. Pouco me importa quem veio para explicar, tão pouco, quem veio para confundir.
Pouco me importa se morreram mil pessoas ou apenas uma atriz famosa. Pouco me importa os indicados ao Oscar. Pouco me importa a novela das oito, sete, cinco...
Pouco que me importa os congestionamentos, as guerras, a fome do mundo.
Me chamem de cruel, sem coração, inóspita, intratável. Pouco me importa.
As dores que sinto não passa no horário nobre da sua televisão. As guerras que enfrento, para muitos, não são nada demais. Meus dramas não ganham prêmios Minhas tragédias não saem na primeira página, do seu jornal matinal. Minha vida não está na sua estante pegando poeira. Meu mundo explodiu e ninguém veio filmar. Eu morri e ninguém percebeu.
Amar, desamar, matar
Margarety acordou um pouco louca, naquela manhã. Pintou os cabelos de vermelho, passou um batom da mesma cor, escolheu uma roupa branca, pra deixar bem marcada a coloração rubra que tem o amor.
Saiu pelas ruas, cantando com os passarinhos, como se fosse só um dia comum. O sol brilhava, nenhuma nuvem no céu azul celeste. As arvores balançavam, suaves, com o vento, parando apenas para a imensidão dos aranhas céus.
No meio da multidão, que vinha de todos os lados, para o mesmo, mesquinho, lugar, Margarety parecia ser comum. Sua insanidade estava por trás daquele sorriso descontraído A loucura se esconde em ouro, em diamante, a loucura se esconde em panos de cetim.
Caminhou por algum tempo, mas nenhuma distancia do mundo a impediria daquele ato tão digno de premio, porém nada digno de admiração.
Sem correr, sem deixar a maquiagem borrar.
Chegou. Avistou o que queria. Se aproximou com cautela, como se fosse uma caçadora, pronta para efetuar um disparo.
Com as mãos magras e os dedos finos, tão frios quanto seu próprio ser, ela alisou aquela pele, sentiu aquele gosto, sentiu aquele cheiro. Seria o bastante ? Não, nunca é o bastante.
O arrastou até um beco qualquer;
"Nada planejado", jurou ao tribunal.
Rasgou a pele, esmigalhou os ossos, comeu o coração, se fixou nos olhos de pavor. Gostou do que sentiu; Da adrenalina, do amor escorrendo pela calçada, do amor caindo no boeiro, parando na torneira da casa da cidade inteira. O amor lhe manchando mãos, camisa, calças, rosto, alma. O amor lhe caia como uma luva, apenas uma facada e o amor escorre.
"Psicótica, louca, maniaco, sociopata. " - Os jornais listavam em sua primeira página.
Ninguém sugeriu um "apaixonada, incorrespondida, mal tratada, humilhada, solitária, traida.".
A policia, as sirenes os investigadores, o tribunal, a penitenciaria; Não lhe parecia nada demais, perto do amor que já estava estampado em todas as revistas; O cheiro dele permanecia em suas mãos.
Amor criminoso, bandido, maligno.
Amor doentio, amor de verdade.
Com algumas gostas de amor ela escreveu, para que todos pudessem ler, que o amor, ah, o amor... Se escreve com sangue e acaba com morte.
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